Há um propósito para o sofrimento? – Parte 2

Por que o mal existe?


Na primeira parte deste estudo, vimos que o mal que nos atinge não é resultado de uma punição divina por nossas ações e omissões. Entendemos que, em sua essência, Deus é um Pai amoroso e gracioso, cujos planos para nossas vidas são formidáveis.

No entanto, tal constatação ainda não responde nossa questão inicial. Se as tribulações que enfrentamos não são resultado de uma ação de Deus, para nos castigar ou nos ensinar algo, por que, então, estas nos sobrevêm?

Para compreender porque estamos sujeitos a sofrimentos e aflições, é preciso, inicialmente, entender que vivemos num mundo dominado pelo mal, um mundo cujo príncipe é Satanás, pois está escrito:

Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno. (1 João 5:19)

Quando Jesus foi tentado pelo diabo, este o levou a um lugar alto e mostrou-lhe rapidamente todos os reinos do mundo, dizendo-lhe:

Eu lhe darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser(Lucas 4:5-6).

Você pode se perguntar: e quem deu ao diabo esse poder? Terá sido Deus?!

No Gênesis, vemos que Deus entregou ao homem o domínio sobre tudo o que há na terra: 

"Então disse Deus:Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão". (Gênesis 1:26)

Quando o homem e a mulher deram ouvidos à voz do diabo (a serpente), eles abriram mão  desse domínio e entregaram ao maligno. Eles escolheram desobedecer a Deus, mesmo conhecendo-o de tão perto.

Assim, o mal se espalhou sobre a terra, em razão da desobediência do homem. E, por esse motivo, estamos sujeitos, neste mundo, a todo tipo de males.

"E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida.” (Gênesis 3: 17).

Nem sempre entendemos esse domínio que foi dado ao homem pelo próprio Deus, e, por isso, acabamos atribuindo ao Criador toda espécie de infortúnios que ocorrem ao nosso redor, o que nos leva a enxergar Deus como alguém vingativo e irado, traços de personalidade que reprovamos em nosso semelhante.

É muito difícil conviver com alguém com essas características. Se essa pessoa for da nossa família, mais difícil ainda. Imagine se Deus fosse assim? Quem iria querer se relacionar com essa pessoa irada, dura e vingativa?

Entender, com base nas Escrituras, que temos o domínio sobre a terra e que, através da desobediência, transmitimos o domínio ao maligno, não afasta, de forma alguma, a soberania, o poder e majestade de Deus.

Pelo contrário, reconheço que Deus, em sua soberania, onipotência e onisciência, decidiu relacionar-se com o ser humano de forma paternal e muni-lo de características inerentes a Ele (inteligência, raciocínio, amor, generosidade, misericórdia), dando ao homem a capacidade de decidir fazer o bem, obedecer a Deus e amá-lo como Pai ou se afastar do Criador, através da desobediência.



Parece tola essa decisão de Deus? Num primeiro vislumbre, pode até parecer um despropósito Deus entregar a mim e a você, pessoas comuns, sem qualquer superpoder, suscetíveis todos os dias ao erro , a possibilidade de escolher praticar o bem e o mal. Já cheguei a pensar que Ele deveria ter nos programado para fazer apenas o bem...

Vamos pensar um pouco...

Você faria isso com um filho? Se pudesse, o obrigaria a te amar e obedecer, sem que ele tivesse outra escolha? Você gostaria de se relacionar com um filho que não tem outra opção senão se submeter a você? Você se alegraria e exultaria sempre que ele te honrasse e demonstrasse amor?

Acho que esse ser nem poderia ser chamado de humano. Seria uma máquina, um autômato, ou coisa assim.

Deus nos fez à Sua imagem e semelhança, seres capazes de pensar, de estabelecer relacionamentos, de demonstrar amor, graça e compaixão. Ele deseja profundamente relacionar-se conosco como filhos. E Ele é infinitamente melhor do que o melhor pai que você possa conhecer. O amor dEle por nós é tão surpreendente que Ele enviou Jesus Cristo para restabelecer a comunhão que desde o princípio quis ter conosco, a qual foi quebrada pelo pecado de Adão. Por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo, nossa aliança com Deus é restaurada:

"Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores". (Romanos 5:8)

"Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação." (2 Coríntios 5:18-19)

Assim, concluímos que o mal existe porque, desde a criação do mundo, ele era uma opção, ou seja, anjos e homens não foram programados, como máquinas, para a obediência ‘cega’. Deus os criou, cada um para um propósito, com a faculdade de decidir se relacionar com Deus e buscar nEle todo o entendimento ou se afastar de Deus e buscar em outras fontes o conhecimento.

Não irei me aprofundar nessa discussão, mas para quem quiser estudar mais sobre o tema, recomendo o estudo do Pr. Wendell Costa a respeito do caráter de Deus http://wendell.aguios.org/2017/06/amor-verdadeira-natureza-de-deus-parte-4.html  e, para quem dispuser de mais tempo, a mensagem do Pr. Micaías Vieira sobre a temática  “O bem e o mal”: https://www.youtube.com/watch?v=tD-9XxHW-Wk.

Sei que não é algo tão fácil de compreender, precisamos da luz do Espírito Santo para nos mostrar o que está revelado na Palavra de Deus, e aconselho que você busque, no próprio Senhor, essa compreensão, até porque o que tenho trazido nesses pequenos fragmentos é um pouco do que tenho aprendido nos últimos anos, sem qualquer pretensão de esgotar a questão.

Minha intenção é compartilhar o que Deus tem trazido ao meu coração através das escrituras e da minha experiência com o Senhor, no intuito de transformar a morte do meu filho em vida e meus dias de escuridão em luz para tantas pessoas quantas forem alcançadas por essas palavras.

Na próxima parte do estudo, continuarei a refletir sobre o mal, buscando apontar alguns meios pelos quais o mal que reina neste mundo atinge até mesmo aqueles que caminham com Deus.

Que a maravilhosa graça e a plena paz do Senhor Jesus Cristo sejam com você.

Bruna Monastirski.
Discípula de Cristo. 




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