Há um propósito para o sofrimento? Parte 4

A lei da semeadura




No último texto, vimos como estamos suscetíveis a males e perseguições neste mundo, no qual opera o mal, ainda que tenhamos uma vida de obediência a Deus. Agora refletirei um pouco sobre como podemos, com nossas atitudes, produzir para nós mesmos provações e sofrimentos.

Trago esta reflexão não com intuito de apontar o dedo ou te julgar, meu querido irmão! Meu desejo é simplesmente que o Espírito Santo possa te revelar a verdade da Palavra de Deus e, com isso, que você venha a entender que as suas atitudes, sejam positivas ou negativas, geram consequências em sua própria vida.

Isso é algo muito sério, embora muitos estejam alheios a essa realidade. 

Há um princípio chamado SEMEAR E COLHER, também conhecido como LEI DA SEMEADURA, contido na carta do apóstolo Paulo aos Gálatas:

"Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá." (Gálatas 6:7)

A semeadura é um princípio ou lei de Deus e, portanto, é imutável. Deus não muda. Ele não volta atrás em Sua palavra. Assim, para que eu colha bênçãos, devo semear o bem. Do contrário, minha colheita não será boa. E Deus não vai mudar a palavra d'Ele apenas para me poupar da colheita...

Por mais que Deus sinta compaixão por nós ao nos ver sofrendo em razão das consequências do mal que semeamos, Ele não pode alterar uma Lei ou princípio espiritual para nos livrar dessas consequências.

Pode parecer difícil entender este aspecto do caráter de Deus (a imutabilidade), porque nós, humanos, somos inconstantes, volúveis e mudamos de opinião facilmente. Mas podemos compreender se compararmos as leis do Reino de Deus com as leis de nossa sociedade. 



Imagine se um parlamentar apresentasse um projeto de lei que fixasse a pena para embriaguez ao volante em 5 anos de reclusão. Presuma que esse projeto foi aprovado nas duas casas legislativas e sancionado pelo Presidente da República e que o filho do parlamentar que elaborou a citada lei venha a ser preso por dirigir embriagado e vá a julgamento. O criador da lei, pai do infrator, poderia alterá-la  apenas para beneficiar o seu filho?

Certamente não!

Se existe uma lei válida em todo o país, via de regra, ela atinge a todos os que estão no território nacional e aquele que a criou não pode modificá-la ou aboli-la em benefício próprio. 

Podemos entender as leis de Deus da mesma maneira, embora em alguns aspectos elas sejam diferentes das leis humanas.

Uma dessas diferenças é que as leis humanas não são completamente imutáveis. Elas podem ser modificadas, desde que observadas algumas regras existentes na Constituição de cada nação. Já as leis do Reino de Deus são imutáveis, eternas e, portanto, irrevogáveis.

“De fato, eu, o Senhor, não mudo". (Malaquias 3:6)

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança". (Tiago 1:17)

Se você deseja aprofundar seu conhecimento a respeito de como funcionam as leis do Reino de Deus, indico a videoaula do Pr. Wendell Costa sobre o tema.

Entendido que Deus não muda, porque essa é a Sua natureza, prossigamos na tentativa de compreender a lei da semeadura.

E podemos fazer isso usando um exemplo simples: a semeadura natural. Se tenho uma horta e quero colher tomates, plantarei sementes de tomates. Se, por engano, eu misturar minhas sementes de tomate com sementes de cebola e lançá-las no solo, terei alguns pés de cebola no meio da minha plantação de tomates. Se, por descuido com minha plantação, forem lançadas na minha horta sementes de urtiga, colherei alguns pés de urtiga.

Podemos observar a aplicação desse princípio no nosso corpo: se nos alimentarmos bem e fizermos exercícios físicos regulares, seremos mais saudáveis, sentiremos mais disposição e todo o organismo funcionará melhor.

No reino espiritual, é semelhante. Se alimentarmos nosso espírito como o pão espiritual, que é a Palavra de Deus, e perseverarmos em praticar aquilo que nela aprendemos, colheremos as bênçãos que ali estão prometidas (saúdepazalegriavida longa, orações atendidas, etc). 

Tanto no aspecto físico quanto no espiritual, se minha semeadura não for boa, colherei destruição, para o corpo e para a alma.

Alheios a essa realidade, muitos de nós sofremos porque esperamos colher frutos que não correspondem à semente que plantamos. Muitas vezes, culpamos a Deus pelas tragédias que ocorrem ao nosso redor,  porém não entendemos que, para Deus agir em nosso favor, precisamos entregar a Ele tudo o que temos e somos. 

Vivemos, muitas vezes, guiados pelas nossas próprias vontades. Fazemos o que queremos fazer, sem nos preocuparmos em consultar a Deus ou conhecer a vontade d'Ele revelada em Sua Palavra. E quando as consequências desastrosas vêm, ficamos sem entender porque Deus não interveio para mudar a situação.

Vejamos alguns textos bíblicos que demonstram a aplicação da lei da semeadura:



"Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu Deus te dá". (Êxodo 20:12)

"Quem é cuidadoso no que fala evita muito sofrimento". (Provérbios  21:23)

"Quem retribui o bem com o mal, jamais deixará de ter mal no seu lar". (Provérbios 17:13)

"Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos". (Romanos 13:2)

"Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna". (Gálatas 6:8)

"Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente". (2 Coríntios 9:6)


Além dos textos citados, a Palavra de Deus está repleta de exemplos práticos de como funciona a lei da semeadura. Portanto, não podemos ignorar a existência deste princípio espiritual e eterno. Desconhecê-lo não impedirá as consequências da aplicação deste princípio em nossa vida. 

Ao buscarmos compreender o funcionamento das leis do Reino de Deus, poderemos usufruir o melhor de Deus para nós. 

É importante entender que os frutos do novo plantio não são imediatos. Assim como ocorre na natureza, a semente precisa ser regada, cuidada e, só depois de um tempo, passará a dar frutos. Devemos ter paciência e perseverar semeando a boa semente, para que a colheita seja farta de bons frutos. 

Certa vez um amigo me disse algo do qual nunca irei esquecer: a semeadura é como plantar um coqueiro. Você planta, o coqueiro cresce e começa a dar os primeiros frutos, mas esses ainda não são doces. O fruto perfeito só vem com o tempo, com a maturidade do coqueiro, quando produzirá côcos cuja água será doce. Mas se você não tiver paciência e desistir de cuidar da planta, decepcionado com os primeiros frutos, não desfrutará dos frutos mais doces.



Depois de ouvir isso, tenho procurado aplicar esse princípio em tudo na minha vida, especialmente com a minha família. 

Às vezes, parece que todo esforço em instruir minhas filhas é vão. Algumas vezes, não vejo o resultado de tanto trabalho que eu e meu marido temos em educá-las, repetindo todos os dias as mesmas coisas: escove os dentes, coma de boca fechada, fale baixo, não seja rebelde, vá tomar banho, não interrompa a conversa dos adultos, etc., etc...

Mas, quando chego a esse ponto de ficar desanimada, me lembro dessa figura do coqueiro novo: os frutos ainda não são doces, mas já aparecem... Só verei os melhores frutos quando elas forem adultas. E continuo crendo nisso e isso me faz persistir em semear o melhor no solo do coração delas.

Outro testemunho que gostaria de deixar nessa área é sobre meu relacionamento com meu marido. Havia coisas que eu gostaria que ele mudasse (sempre há!), mas eu, em minha imaturidade, imaginava que ele só mudaria se eu reclamasse muito. Mas o que acontecia era justamente o contrário. Quanto mais eu reclamava e tentava transformá-lo usando meus argumentos, menos eu via mudanças efetivas e duradouras.

Com o tempo, após ser muito ministrada nessa área, especialmente em vídeos voltados para mulheres (fui muito abençoada pelo ministério de Helena Tannure), eu comecei a lançar uma semente diferente. Lembro-me de uma frase que a ouvi dizer numa pregação: "quando você fala, é você tentando resolver, mas quando você ora, é Deus quem resolve!". E pude experimentar isso em minha vida.



Passei a reclamar menos e agradecer mais. Comecei a orar por meu esposo e, nas minhas orações, eu agradecia a Deus por tudo o que ele é (e enumerava as virtudes dele), e só depois de mostrar minha gratidão a Deus por ter me dado um bom marido, cheio de qualidades, é que eu começava a pedir ao Senhor que transformasse o coração dele naquelas áreas que eu achava que precisavam ser consertadas.

Fiz algumas campanhas de oração e jejum por esse propósito. Cheguei a pensar em desistir de continuar semeando. Por vezes, duvidei que aquelas mudanças ocorreriam. Mas durante esses momentos de instabilidade e fraqueza, sempre fui amparada por irmãos na fé, que me encorajavam a perseverar. E hoje, posso dizer, para glória do Senhor, que já estou experimentando os primeiros frutos dessa semeadura. E outra coisa que Deus fez foi mostrar onde eu também precisava mudar. Pude enxergar os meus próprios erros e buscar corrigi-los com a ajuda do Espírito Santo.

Se me contassem, há alguns anos, como é meu casamento hoje, quem me tornei e quem meu esposo se tornou, possivelmente eu não acreditaria. Talvez duvidasse de que o agir de Deus seria tão intenso em nossa família. 

Deus é fiel. A fidelidade d'Ele à Sua Palavra é o que nos garante que, se semearmos no Espírito, do Espírito colheremos.

Quero encorajá-los, meus queridos, a mudar a semente. A recomeçar. Se você leu esse texto e refletiu sobre sua vida, percebendo que sua semeadura não tem sido boa, saiba que nunca é tarde para começar de novo. 

Espero que você possa tomar a firme decisão de mudar a sua semeadura, nas áreas em que você tem sido mais afligido, para que possa começar a colher os bons frutos que, sem dúvida, nascerão.

Que a maravilhosa graça e a paz do Senhor Jesus sejam com você.

Bruna Monastirski.
Discípula de Cristo.


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