Testemunho



Há exatos 4 meses, ganhei e perdi meu terceiro filho.

Tive uma gestação saudável, super tranquila. Tudo bem com o bebê, era o que mostravam as ultrassonografias.

Às 37 semanas, Ian nasceu bem, respirando normalmente, tranquilo, e cerca de uma hora após o nascimento, começou a apresentar sintomas de que algo não estava bem. Não temos certeza do que houve - nem sempre a medicina tem as respostas -, mas as suspeitas dos médicos anotadas no prontuário e uma análise dos sintomas apontam para algum problema cardíaco congênito, que só seria detectado por meio de ecocardiograma fetal, exame que não é exigido no pré-natal, a menos que haja alguma suspeita ou situação de risco (mesmo as estatísticas indicando que 1 em cada 100 bebês nasce com alguma patologia cardiológica).

Embora tenha perdido um filho tão amado e esperado, ganhei um presente que a nada se compara.

Quatro meses longe do meu filho. Quatro meses mais perto de Deus. 

Quem leu meus posts anteriores e o estudo sobre os propósitos para o sofrimento, sabe que não atribuo ao meu Senhor a 'culpa' pela morte do meu filho.

Tenho convicção, pela revelação contida na Palavra de Deus sobre quem Ele é, um Deus de amor e bondade, que a vontade perfeita de Deus era que Ian vivesse. Sei que nem sempre a vontade de Deus é cumprida em nosso meio, por vários motivos, que não tratarei nesse testemunho.

Mas, ainda que não tenha sido pela vontade de Deus que perdi meu filho, vejo que Ele, em sua graça e misericórdia, tem usado esse momento para tratar comigo de forma especial.

E é sobre isso que quero falar nesse post. 

Esse tempo de luto tem sido um tempo de cura, de restauração e de maior intimidade com Deus.

Eu percebi, nesse processo, que Deus não estava ocupando o centro da minha vida, embora eu assim pensasse. Eu dizia priorizar Deus e o Seu Reino, mas de repente enxerguei que, em verdade, eu não O colocava em primeiro lugar. Não dedicava tempo a Ele. E comecei a entender que, sem perceber, eu mentia quando dizia "Deus em primeiro lugar!".

Ora, para saber a importância que eu atribuo a algo ou alguém, basta observar o tempo que eu dedico para conhecê-lo. Comecei a calcular o tempo que gastava com várias atividades (academia, assistir TV, redes sociais, etc) e fiquei triste ao constatar que o tempo despendido em cada uma dessas coisas era maior que o tempo dedicado ao meu relacionamento com Deus.

Não falo aqui do tempo que eu passava na igreja, porque sei que a igreja é o local onde nos reunimos como família de Deus para celebrarmos nossa fé. Falo sobre meu relacionamento cotidiano com Deus, através do qual eu exercito e alimento a minha fé, no dia a dia. 

Observei, ainda, que não buscava direção dEle para tomar as decisões mais importantes, especialmente quando eu já tinha opinião formada a respeito e queria que prevalecesse minha vontade. Muitas vezes, eu não estava colocando a vontade do Senhor acima da minha, mas o contrário. 



No início da minha licença maternidade, eu cheguei a pensar que seria melhor voltar logo a trabalhar, que não havia o que fazer com tanto tempo disponível. Mas comecei a ouvir a doce voz do Espírito Santo dizendo: "`- aproveita este tempo para me buscar e me conhecer...".

E comecei a ser guiada por essa voz suave e passei a estar mais e mais tempo na presença do Senhor, conversando com Ele, abrindo meu coração, ouvindo a Sua voz, sentindo Seu abraço consolador...

E quando eu comecei a fazer isso, algo extraordinário aconteceu dentro de mim: a dor pela ausência do meu filho foi amenizada, a ponto de, hoje, eu conseguir escrever sobre o que houve, sem que isso provoque angústia em minha alma.


E o que houve com aquela dor profunda? Ela deu lugar à paz e à alegria com as quais o Espírito Santo preencheu meu coração,

Eu experimentei algo que só conhecia de ouvir falar. Sempre ouvi falar e muitas vezes repeti o seguinte trecho da Bíblia: "a alegria do Senhor é a vossa força" (Neemias 8:10).

No entanto, esta verdade não era tão presente em meu coração, pois pequenas coisas conseguiam tirar a minha alegria, impedindo que eu manifestasse plenamente o fruto da alegria que tenho no espírito (Gl. 5:22).

Hoje posso dizer que nunca antes eu havia experimentado tanta alegria em meu interior como nesse tempo que tenho buscado a face do Senhor como quem procura tesouro precioso.

Compreendi que a fonte da minha alegria está em Deus e que, por mais que as circunstâncias sejam difíceis, ainda posso me alegrar, bebendo desta fonte inesgotável que é o Senhor.

Aprendi que, embora aqueles que eu amo acrescentem momentos de felicidade em minha vida e os bens materiais proporcionem conforto, não posso considerá-los a razão do meu contentamento e da minha esperança e de modo algum posso depender deles para proclamar minha fé naquele que, verdadeiramente, é minha razão de existir.



Se você tem enfrentado situações adversas, perdas, luto, doenças, abandono, sinta-se encorajado(a)! Deus tem alegria verdadeira para você. A Palavra de Deus é a verdade e nela encontramos a promessa da alegria plena:

"Encheste o meu coração de alegria, alegria maior do que a daqueles que têm fartura de trigo e de vinho".(Salmos 4:7)

"Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente". (Salmos 16:11)

E como podemos experimentar essa alegria que Deus promete em Sua Palavra? Bem, primeiro, é preciso entregarmos nossas vidas a Jesus, reconhecermos que somos pecadores e que apenas através do sacrifício de Cristo nossos pecados são perdoados (Rm 6:23; Mt. 10:32).

Se você já deu esse primeiro passo, comece a alimentar o seu espírito com a Palavra de Deus (ouvindo, lendo, declarando a Palavra) e essa palavra irá gerar fé em seu coração (Rm 10:17).

Procure também conhecer melhor a Deus, conversando com Ele através da oração. A conversa é a melhor forma de se conhecer alguém e com Deus não é diferente. O próprio Jesus, quando veio ao mundo como homem, nos ensinou como orar e desenvolver esse relacionamento com o Pai:

"Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará." (Mateus 6:6)




Invista tempo alimentando o seu espírito. Quanto mais forte seu espírito tiver, mais fácil será vencer a carne, de onde advêm tristeza, amargura, medo, raiva, e todos esses sentimentos que produzem frutos ruins.

"Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre". (2 Coríntios 4:16-18)

Que a graça e a paz do nosso Senhor Jesus Cristo sejam com você!

Bruna Monastirski.
Discípula de Cristo




Comentários

  1. Excelente. Foi muito edificante para minha vida irmã Bruna. Que Deus continue lhe abençoando.

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  2. Toda honra e glória a Deus Pai em nome de Jesus. Excelente palavra amada Irmã, muito edificante, encontrando paz e consolo em meio a dor.

    Mesmo que as vezes não entendamos, pois os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos, de alguma forma tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus.

    Beijocas santas em você e toda a família, que amamos muito.

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    1. Amém, meu querido irmão. O Senhor é bom em todo o tempo. Saudades de vocês.

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