O Que Significa "aceitar Jesus"?


No meio cristão, especialmente entre os evangélicos, é muito comum ouvirmos a expressão “aceitar Jesus”. Repetimos essa frase, mas nem sempre entendemos o seu real significado. Alguns associam o “aceitar Jesus” a uma mudança de religião ou crença. Mas penso que esse entendimento não se sustenta biblicamente.

Outros utilizam os termos “aceitar Jesus” e “confessar Jesus” como sinônimos. Para isso, encontramos respaldo nas Escrituras. Vejamos o que diz Romanos 10:9-10, texto bastante familiar entre cristãos evangélicos:

“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação.” (Romanos 10:9,10)

Vemos, nesses versos, que a conversão que gera salvação é aquela que se manifesta em dois níveis: interior (crer no coração) e exterior (confessar com a boca). 

É com base nesse texto que, em nossas igrejas, temos o hábito de chamar à frente as pessoas que, em seu coração, já creram em Jesus, para que elas possam fazer uma declaração pública daquilo que já ocorreu em seu interior.

Mas precisamos ter cautela para que esse “ir à frente” não se torne algo meramente religioso e seja mais valorizado do que a conversão genuína, expressa no cotidiano daquele que creu em Jesus de todo o coração.


No Novo Testamento, algumas vezes a experiência da fé em Jesus como Senhor e Salvador é descrita como a aceitação da mensagem do Evangelho, das palavras de Cristo:

“Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste.” (João 17:8)

"Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.” (Atos 2: 41)

A mensagem que aceitamos quando cremos em Jesus é a mensagem da reconciliação, do amor e da graça de Deus. É sobre isso que Jesus fala na conhecida passagem de João 3, verso 16:

"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele.João 3:16-17


Paulo, escrevendo aos Romanos, afirma que fomos reconciliados com Deus através da morte de Jesus:

“Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!” (Romanos 5:10).

Jesus disse, a respeito de si mesmo:"Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” (João 14:6)

Embora popularmente se ouça muito dizer: “todos os caminhos levam a Deus”, a Bíblia é clara sobre isso, pois o próprio Jesus afirmou que, sem Ele, ninguém pode chegar até o Pai.

Neste ponto, você pode se perguntar: mas por que eu preciso de Jesus para chegar até Deus? Por que Jesus precisou morrer para que eu tivesse reconciliação com Deus? Por que eu e Deus nos tornamos inimigos, a ponto de precisar um homem santo e justo como Jesus morrer para que eu pudesse voltar a ser amigo de Deus? Por que, afinal, eu preciso de um Salvador?

Bem, para falar sobre isso, terei que voltar ao Jardim do Éden, no início de tudo. Se você não acredita que existiu jardim, Adão e Eva, a criação, talvez seja um pouco complicado entender o que vou tentar explicar. Mas mesmo que você não acredite na história da criação da forma exata como é narrada no Gênesis, eu imagino que, se você está lendo este texto, é porque acredita que existe um Deus acima de nós, uma mente superinteligente responsável por tudo o que foi criado, inclusive você.

Quando Deus cria o ser humano, Ele o faz conforme Sua imagem e semelhança: 

“Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. 
[...]
Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1: 26,27)

Eu creio firmemente que, ao nos criar, Deus intencionava criar filhos, ou seja, seres parecidos com Ele, com o seu DNA. A Bíblia diz que tudo o que Deus criou era bom. 

“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gênesis 1:31)

O plano original de Deus era um mundo bom, sem maldade, onde Ele proveria tudo para nós e viveríamos em perfeita comunhão com Ele.

Mas, como sabemos, o homem e a mulher optaram por desobedecer ao Criador e, com isso, atraíram o mal para a terra. A partir de então, a humanidade começa a se afastar cada vez mais de Deus. 

"Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês" (Colossenses 1:21).

O pecado entra no nosso mundo e traz morte, pois a consequência do pecado é a morte:

“Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6:23)


Se o salário do pecado é a morte, por que, então, Adão e Eva não morreram quando pecaram (Gênesis 3)? E por que nós, ao pecarmos, não morremos também?

Bem, o tipo de morte mencionado neste versículo de Romanos é espiritual. Assim também, quando Deus advertiu Adão e Eva a respeito da morte (Gênesis 2:17), Ele falou da morte espiritual, que, na verdade, significa uma separação entre Deus e o espírito humano.

Muitos pensam que o pecado é algo de menor importância e, por causa disso, acham injusto que ele conduza as pessoas a uma vida eterna afastada de Deus (inferno).

Porém, Deus criou o homem pra estar em comunhão com Ele, como um filho, mas não o obriga a manter essa comunhão. Ao contrário, Ele nos deixa a livre escolha de amá-lo e querermos desfrutar de Sua companhia e paternidade ou ignorá-lo e vivermos distantes d'Ele.

Deus, como o Criador, é quem estabelece o que é bom ou mau, certo ou errado.

Se comprássemos um equipamento eletrônico e deixássemos de observar as instruções do manual do fabricante e, por esse motivo, o produto viesse a quebrar ou ter sua função prejudicada, quem seria o culpado? O fabricante ou nós, que utilizamos o produto de forma diferente da indicada no manual?

Parece tão fácil de entender quando trazemos a discussão para a realidade material! Mas, quando se trata de realidade espiritual, nós esperneamos, brigamos com Deus, nos revoltamos contra Ele e, algumas vezes, decidimos simplesmente não acreditar que Ele existe.

Deus nos criou para comunhão plena com Ele, para vivermos sem dor, sem dificuldades, sem maldade. Mas para que o mundo continuasse bom e perfeito como Deus criou, o pecado, ou seja, a transgressão, não poderia ter entrado.

Contudo, apesar de nossa desobediência e obstinação, Ele nos criou e demonstrou Seu amor por nós. E, sabendo que nós pecaríamos, Deus já havia preparado a solução para esse problema, a vinda de Jesus, que através de sua morte e ressurreição, conquistaria para nós o perdão dos pecados, a remissão da nossa pena e a reconciliação com o Pai.

Então, crer em Jesus Cristo e aceitá-lo ou recebê-lo como seu Salvador é reconhecer que é pecador e que apenas através do sacrifício de Jesus seus pecados podem ser perdoados. É compreender a gravidade do pecado e aceitar que Jesus reconquistou para você, gratuitamente, a amizade com Deus e o direito de ser chamado filho amado de Deus!

“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus...” (João 1:12)


Bruna Monastirski
Discípula de Cristo
instagram @brunamonastirski

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A Parábola do Semeador Parte 4: O solo pedregoso

A Parábola do Semeador Parte 6: O solo fértil