Cinco razões porque as igrejas corrigem os homens e mimam as mulheres - Meg Miller (Tradução)


Quando o hábito do meu marido de assistir pornografia veio à tona, eu fiquei arrasada. Nós éramos mentores de casamento em nossa igreja, o que tornou o seu pecado sexual ainda pior.

Mas ele é um homem bom, com um coração contrito e desejava mudar.

Então, por sugestão de nosso conselheiro matrimonial, ele se uniu a um grupo de apoio de nossa igreja, e eu me juntei ao grupo correspondente, das esposas feridas.

Após algumas semanas, comecei a notar um padrão. Meu marido saía das reuniões empolgado, renovado, focado, desafiado, equipado e conectado a mim. Já eu, saía do meu grupo de apoio com raiva, cada vez mais magoada devido ao pecado dele.

A diferença? O grupo dele oferecia perdão. O meu oferecia mimo.

Os homens do grupo dele eram brutalmente honestos sobre suas falhas. Mas concluíam cada reunião assegurando o perdão: vocês estão perdoados.


As mulheres em meu grupo eram indulgentes, afirmavam-se e simpatizavam umas com as outras. Fui ensinada como lidar com as falhas de meu marido e, ao mesmo tempo, era blindada da realidade das minhas próprias falhas. Meu grupo de apoio era cheio de mulheres maravilhosas e bem-intencionadas e que me convidavam a viver uma vida sem uma autoavaliação.

Era tão bom ser reafirmada a cada semana, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia negar o distanciamento crescente entre meu marido e eu. Em desespero, roguei a Deus que abrisse meus olhos. “Esqueça a mudança de meu marido”, finalmente orei em desespero. “Mude a mim, ainda que isso derrube tudo o que eu achava ser verdade”.

E Ele fez isso.

O Espírito Santo gentilmente me mostrou que minhas reclamações, críticas e jeito controlador haviam machucado meu marido exatamente da mesma forma que seus pecados sexuais haviam me machucado.

Em Lucas 7:36-47, Jesus nos conta que aquele a quem muito é perdoado ama mais. Isto explica porque o meu marido saía do grupo de apoio tão cheio de amor e alegria, enquanto que eu caía ainda mais fundo em desespero.


Pela primeira vez compreendi que as angústias do nosso casamento não eram problema dele: eram nossos problemas. Eu já não era mais vítima virtuosa, ofendida. Ambos éramos pecadores, desesperadamente carentes da graça de Deus.

Uma vez que compreendi isso, fui ao meu marido e confessei meu pecado. Isto mudou completamente a dinâmica de nosso casamento. Eu poderia passar o dia todo descrevendo a bondade com a qual meu marido e eu agimos agora.

Mas uma pergunta permaneceu em minha mente: por que a igreja me deixou sofrer como uma vítima ferida e magoada por tanto tempo? Por que fui levada a crer que meu marido estava defeituoso, mas eu não? Onde estavam meus irmãos e irmãs quando eu precisei de uma avaliação honesta de meus próprios débitos?

As igrejas são, constantemente, agressivas em policiar os pecados dos maridos, mas são bastante relutantes em confrontar as esposas acerca dos pecados delas. Aqui vão cinco razões disso:

Porque geralmente as mulheres têm boas razões para suas queixas

Vamos admitir: os pecados dos homens são, frequentemente, mais visíveis que os das mulheres. Homens bebem mais, chamam mais palavrão, brigam e assistem mais pornô que as mulheres. Os homens devem permanecer sóbrios. Eles devem viver abaixo do seu nível de renda. Eles devem dar atenção aos seus filhos. Eles devem cultivar amizades masculinas cristãs. Eles devem aprender a ser pontuais. As reclamações das mulheres, geralmente, são verdadeiras, contudo, raramente são toda a verdade.

Porque confrontar uma mulher sugere que o homem está se “safando”

Vivemos em uma era onde todos julgam tudo. As mídias sociais reduziram o mundo a “opressor x oprimido”. Portanto, o opressor (o homem) é frequentemente visto como sendo aquele a quem culpar pelo conflito, enquanto a oprimida (a mulher) é 0% responsável. Qualquer sugestão no sentido de que a mulher também teve um papel no conflito será, ferozmente, considerada como “jogar a culpa na vítima”. Confrontar uma mulher acerca do seu pecado não significa, automaticamente, absolver o homem de sua responsabilidade.

Porque as mulheres frequentemente ouvem uma correção como culpa

A mulher não pode fazer o homem pecar. Mas, quando algum irmão ou irmã sugere que as palavras (ou o tom) de uma crítica podem ter contribuído para a discórdia conjugal (ou congregacional), os ouvidos dela quase sempre ouvem como culpa. Muito frequentemente, as mulheres não assumem a responsabilidade por suas próprias ações porque temem serem culpadas pelas transgressões de todos. Em resumo, a pessoa que oferece correção corre o risco de ser mal interpretada.

Porque o sofrimento é visto como algo não saudável

A Bíblia nos ensina que o sofrimento pode ser redentor. Deus pode usar situações difíceis e dolorosas para nos tornar mais parecidos com Jesus. Contudo, a sociedade moderna nos ensina a evitar o sofrimento. Então, quando uma mulher sofre, não ousamos oferecer outra coisa senão encorajamento, consolo e afirmação. Achando que a condição dela pode ser estabilizada e a dor gerenciada. Mas o pecado não requer medicação, exige amputação (Marcos 9:43-48).

Porque temos medo que as mulheres se irritem e se retirem

Sempre que confrontamos um crente acerca de seu pecado, corremos o risco de ofendê-lo até o ponto dele(a) nos deixar. De acordo com uma pesquisa, as mulheres são a coluna dorsal das congregações norte-americanas, que proveem a maior parte do tempo de voluntariado e recursos financeiros que mantêm a máquina ministerial funcionando. Se deixamos algum homem magoado, e ele sai da congregação, não é grande coisa. Mas quando uma mulher deixa a igreja, geralmente ela deixa um buraco maior, que precisa ser preenchido.


Com todos estes riscos, é quase sempre mais seguro mimar as mulheres, em vez de confrontá-las. E, francamente, é mais seguro fingir que os pecados dos homens são mais graves que os das mulheres.

Mas, e se apenas uma igreja ensinasse as mulheres a se responsabilizarem mutuamente contra palavras críticas ou controladoras da mesma forma que os homens são ensinados a desarraigar e mortificar seus pecados sexuais?

Essa conversa precisa ser feita de maneira cuidadosa? Pelo amor de Deus: sim! Mas vale a pena o risco.

Minha vida é uma prova da cura que vem quando uma mulher é confrontada, convencida e corrigida. Literalmente salvou o meu casamento e me fez crescer mais como uma discípula de Jesus.

Meg Miller


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Publicação autorizada pela autora.
Tradução: Wendell de Oliveira Costa
Revisão: Bruna Monastirski

LINK PARA TEXTO ORIGINAL:  https://www.patheos.com/blogs/churchformen/2019/06/five-reasons-churches-correct-men-and-coddle-women/

SOBRE A AUTORA 

Meg S. Miller é palestrante e autora do livro “Benefit of the debt: How my husband’s porn problem ruined saved our marriage”, publicado em 2018. Ela e seu marido são proprietários de uma fazenda de orgânicos próxima ao Distrito de Washington, EUA. Link para site do livro: www.benefitofthedebt.com

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