Rafael, o menino engenhoso


Rafael ama carrinhos. De todos os tipos e tamanhos. Se tiver roda, ele vai lá pegar e brincar. Esses dias, pegou uma miniatura de carrinho de bebê, da prima Alice, e lá foi ele com o carrinho, em fazendo movimentos de vai e vem, em semicírculos.

O mini-caminhão de bombeiros era um dos seus xodós, até Jujuba morder uma das rodas e danificá-la. 

Rafa percebeu logo o defeito e não quis mais brincar com o tal caminhão. “Não pesta, mamãe, tá quebado”.

Guardei o brinquedo numa prateleira alta, e lá ficou por alguns meses. 

Até que um dia, ele pediu o caminhãozinho e disse, insistentemente: “mamãe, peda a fata”. Eu não entendi nada. O menino repetia essa frase, que, para mim, não fazia sentido algum.

Até que ele me puxou até a cozinha, abriu a gaveta e disse: “peda a fata, mamãe!”. Então, eu entendi que era pra pegar uma faca rs

Peguei uma faca de mesa, serrilhada, e ele me levou de volta para o quarto, onde estava o caminhão de bombeiros com a roda quebrada.

E começou a dizer: “tóta, mãe, tóóoooooota, mãe”.

E apontava para a faca e para a roda quebrada do brinquedo.

Eu não sabia se acreditava no que estava ouvindo. Então, perguntei: - Rafael, você quer que mamãe corte a roda do carrinho, é?

Ele, aliviado por eu ter, finalmente, entendido, respondeu: siiiiiimmmm

Então, cortei a roda quebrada, que estava impedindo as outras rodas de girarem, e devolvi o brinquedo pra Rafa, que foi brincar, com seu caminhãozinho de três rodas rodantes, sem que nada mais atrapalhasse a brincadeira.


Pois é. Crianças inteligentes? Temos!

E o melhor de tudo isso não foi perceber a engenhosidade do menino. 

Mas compreender que, desde cedo, já somos dotados de habilidades com as quais o Criador nos presenteou, e que essas habilidades/dons/talentos são apenas um vislumbre daquilo que Ele quer fazer em nós e por meio de nós. 

Eu aprendi a ler muito cedo. E sempre gostei de ler e escrever. Era algo meu, que foi estimulado pela minha mãe e por bons professores que tive ao longo da vida.

Eu demorei a entender quem eu sou e reconhecer as habilidades que tenho. Hoje, conhecendo mais de mim, sei o que posso fazer e o que nem devo tentar. Sei no que sou boa, e sei as matérias em que fico em recuperação, e também aquelas nas quais sou reprovada. 

Entender tudo isso trouxe uma lucidez incrível ao meu maternar.

Eu conheço (ao menos procuro conhecer) os meus filhos. Sei das suas limitações. Conheço também os seus talentos e habilidades naturais.


Encorajo a curiosidade e o espírito científico de Helena. Estimulo a veia artística de Julya. 

E, agora, acho que terei de comprar um kit de ferramentas para Rafael...rsrs

Se eu não conseguir ser tão boa nisso, ao menos tentarei não atrapalhar a obra que Deus quer fazer na vida deles.

Nessa matéria, espero passar por média.


Bruna Monastirski 

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